
O cliente já sabia.
- Posted by samueleidam
- On setembro 2, 2015
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Para esse primeiro texto acho válido explicar o que me motivou a escrever. Em uma bela reunião para apresentação empresa/designer me deparei com algo incomum: o cliente sabia o que era de fato a construção de uma marca – inclusive, quando um de seus colegas questionou-me sobre como seria o processo e se eu poderia criar uma prévia ali mesmo, na reunião, ele afirmou que “não era tão simples”. Na sequência dos fatos fiquei pensando (fiquei até meio vago por alguns minutos) sobre como isso me poupava tempo e como isso iria trazer benefícios as duas partes.
Chegando em casa as reflexões foram aumentando e puxando novas ideias, e passei a pensar em coisas como: “ele pesquisou informações sobre o que eu faço assim como pesquisei sobre o negócio dele?”, “seria esse o fim de uma era de explicações aos clientes, para explicar os valores propostos?”, “ele sabe o valor do design além da estética?” … (claro que não pararam por aqui os assuntos, mas da pra ter uma ideia da linha que foi seguindo).
Vamos aos fatos. O cliente era esperto e tinha buscado algumas informações sobre o assunto – até para escapar de armadilhas que existem por ai. E esse é o primeiro ponto para refletir: tendo acesso a informações sobre (praticamente) tudo, porque algumas empresas e designers não pesquisam mais sobre os negócios da outra parte? Se o motivo é falta de tempo, deixe de lado essa desculpa. O tempo economizado em reuniões e alterações de briefing já faz valer a pena. Nunca tinha pensado dessa forma até ouvir de um profissional com alguns anos de experiência (infelizmente sou péssimo para gravar nomes) o seguinte: “Antes de falar com o cliente, eu era expert na área dele. Fomos direto aos pontos sem perder tempo com apresentações.” Ele ainda complementou dizendo que ele tinha estudado a fundo poucas horas antes da reunião, pois sabia que aquele conhecimento não seria mais útil depois do projeto.
Mas e se eu pesquisar tudo sobre meu cliente, e ele não pesquisar nada sobre meu trabalho? Sinceramente, isso é o que mais acontece – e a reunião se estende em mais de meia hora para contextualizar a proposta e preparar tudo para a negociação. Essa é uma questão simples na verdade. Faça seu papel, e encurte uma parte do tempo pelo menos – além de mostrar ao cliente que a reunião foi levada a sério e que está preparado para fazer o projeto. Se o cliente não souber nada de nada, explique. Provavelmente ele não contata designers na mesma proporção que designers contatam empresas. Então conheça muito bem o seu próprio trabalho e área de atuação. Pode parecer trabalhoso no começo – e de fato é, mas vale a pena.
Outro benefício indireto: se o cliente não tinha o hábito de pesquisar, na próxima reunião ou projeto ele poderá estar melhor preparado. Esse pensamento parece meio solto, mas é verdade. Se um cliente fizer isso, já valerá a pena, meu amigo!
Estude o cliente e o mercado, planeje a reunião e a apresentação e mostre preparo. Sem isso, dificilmente o projeto poderá ter maior valor associado*. Assim, todos ganham – inclusive o mercado criativo e estratégico.
* pensando em valor real – não prometa o que não vai conseguir entregar (mas isso é assunto para outra discussão).
Samuel Eidam – Designer gráfico (rumo a especialista em Branding).